O ano de 2016 será lembrado como o ponto de inflexão para a energia solar. Pela primeira vez, tornou-se mais barato produzir a sua própria eletricidade do que comprá-la da rede elétrica!
O primeiro-ministro Narendra Modi não poderia ter pedido por uma melhor ocasião. A grande queda nos preços de energia solar coincidiu perfeitamente com seu primeiro mandato.
Sua visão de governo – adicionar 100 GW de capacidade de geração de energia solar – pode, de fato, se concretizar já no ano de 2022.
Além disso, o ambiente macro para energia solar parece pronto para crescer. A Índia possui dois dos elementos mais críticos para energia solar em abundância: terra e luz solar.
Existe grande disponibilidade de painéis acessíveis na China, e empresas globais estão cobrando cerca de US$0,07 por unidade (Rs. 4,5/kWh) para construir, deter e operar fazendas solares na Índia.
Portanto, parece que nenhum obstáculo ficará no caminho da Índia em sua busca por energia solar.
Entretanto, a indústria de energia está esquecendo ou ignorando um importante elo da cadeira de preços: a transmissão de energia.
Os dois grandes riscos quando se trata de evacuação de energia solar são “custo” e “tempo”.
Um parque solar de 500 MW pode gerar até 30% da energia quando comparado a uma usina térmica equivalente.
Porém, o investimento necessário na transmissão é o mesmo em ambos os casos. Isso significa que transportar uma unidade de energia solar custa até três vezes mais em comparação com uma unidade de energia térmica.
Para compensar o custo adicional de transmissão, a energia solar terá de ser cerca de um centavo (Rs 0,65/kWh) mais barata do que a energia térmica (no barramento).
O grande risco, entretanto, está no “tempo de execução” da infraestrutura de transmissão. Durante o 12º Plano de Cinco Anos (2012-2017) para construir esses sistemas, a Índia viu uma adição de aproximadamente 80 GW de capacidade de geração térmica.
O governo teve mais de cinco anos para construir esses sistemas, e graças a uma escassez de carvão em várias usinas elétricas, aumentou-se em um ou dois anos o tempo de construção. Ainda assim, os sistemas não poderiam ser construídos a tempo, devido a problemas com Direitos de Passagem e Autorizações Florestais.
Agora, imagine um cenário em que 10 GW de usinas solares pudessem ser criadas entre 90-120 dias!
Atualmente, a velocidade na qual a geração em escala de gigawatts pode ser criada não tem precedentes na história da eletricidade, devido, principalmente, à natureza modular dessas usinas.
Cada vez que 1 GW de capacidade de geração é adicionado à rede, é necessário investir em sistemas de upstream e downstream.
Porém, os cronogramas de projetos de transmissão normalmente são medidos em anos ou trimestres, mas certamente não em dias! O tempo médio que se leva para construir sistemas de transmissão de altas voltagens (EHV) na Índia é cerca de quatro anos e meio.
O desencontro entre o tempo de comercialização (TTM) de energia solar e o TTM de suas linhas de evacuação correspondentes é, no meu entendimento, o maior dos riscos para cumprir a ambiciosa missão solar.
Para abordar essa discrepância, o governo já tomou algumas medidas significativas para reduzir a duração de projetos de transmissão.
As licenças florestais e ambientais foram descentralizadas e o governo também se reduziu a adjudicação de 250 para 145 dias.
O comissionamento de linhas anteriores à data de comissionamento agendada agora é admissível sob as atuais normas. As novas diretrizes para compensação de Direitos de Passagem foram publicadas, vinculando-os aos preços dos terrenos prevalecentes.
Essas medidas podem reduzir drasticamente o tempo levado para executar projetos.
Porém, isso não é suficiente. As linhas de transmissão precisam ser construídas entre 12 e 14 meses em relação aos 30 a 40 meses atuais.
Para isso, o governo terá de convidar os setores público e privado para alavancarem a tecnologia e a construção mecanizada. Talvez, o governo possa anunciar cláusulas de bônus maiores para um comissionamento antecipado.
Ou os desenvolvedores de transmissão poderiam ser escolhidos não em uma base de menor tarifa, mas sim no menor tempo de conclusão.
Leilões Competitivos Baseados em Tarifas poderiam ser substituídos por “Leilões Competitivos Baseados em Tempo”, já que uma redução de 50% no tempo de execução de ligações-chave é, talvez, dez vezes mais benéfica para o sistema de energia do que uma redução de 50% em tarifas de transmissão.
Nos próximos anos, a Índia poderá, sem dúvidas, se destacar como a primeira economia emergente a adotar energia limpa de uma forma tão significativa.
Para que o governo indiano possa dar passos proativos em direção à construção de sistemas de evacuação, além de assegurar que todas as unidades produzidas de energia solar sejam distribuídas para os mais necessitados no país.
Disclaimer: As opiniões e pontos de vista expressos neste artigo são de responsabilidade do seu autor e não necessariamente representam o posicionamento da Sterlite Power.